Historicamente, o município de Anchieta presenciou intensas e profundas transformações sociais, econômicas e culturais que consolidaram suas principais características no segmento público, privado, sociedade civil organizada e comunidade local. Para compreender esta realidade em poucas palavras e em um esforço de síntese, faz-se necessário dividir a dinâmica da construção social em quatro fases, equivalentes aos quatro grandes ciclos econômicos.

 

O Primeiro, caracterizado por um período de colonização e forte influência jesuítica, que se estende do século XVI (1560) ao século XIX (1860), com a chegada dos imigrantes. Período economicamente extrativista que durou cerca de 300 anos. O segundo ciclo, que durou aproximadamente 100 anos, de 1860 a 1960, é caracterizado pelo desenvolvimento agrícola, consolidando a base produtiva primária da agropecuária, principalmente centrada nas culturas do café, leite e pecuária de corte. Nesta fase, também são fortalecidas as atividades do litoral, com a pesca extensiva e turismo de veraneio.

 

A partir da década de 60, com a crise da cafeicultura nacional e consequente erradicação de cafezais, tem início o processo de industrialização do estado do Espírito Santo, com a implantação das grandes plantas industriais voltadas à exportação, como CST (hoje ArcelorMittal), Aracruz Celulose (hoje Fibria) e Samarco Mineração. Estes projetos viabilizaram o desenvolvimento da logística de transportes (portos, ferrovias, rodovias); impulsionaram novos setores econômicos como o da cadeia produtiva do comércio exterior e metal-mecânico; e fortaleceram os arranjos produtivos locais (APL´s) de rochas ornamentais, vestuário e moveleiro.

 

Este período de 1960 a 2010, aproximadamente 50 anos, pode ser considerado como o terceiro ciclo de desenvolvimento econômico vivenciado pelo estado do Espírito Santo e pelo município de Anchieta. A partir de 2010, surgem novas vocações, potencialidades e desafios que podem e devem ser agrupadas em um quarto ciclo econômico, dado que estão previstos grandes investimentos para o sul do Estado, dentre os quais:

  • o surgimento de uma nova cadeia produtiva do petróleo e a instalação de uma base portuária de prestação de serviços off shore da Petrobrás em Anchieta;
  • as perspectivas de implantação de uma siderúrgica, incluindo a construção de porto especializado e ferrovia litorânea sul;
  • a construção da quarta usina da Samarco;

 

Com a perspectiva de instalação destes grandes empreendimentos industriais no Município de Anchieta, também haverá o fortalecimento de outros segmentos econômicos como o setor imobiliário, turismo de negócios, comércio em geral e fornecedores de bens e serviços diversos.

 

Seguramente, a efetivação deste cenário futuro impactará a realidade da região e as suas formas de gestão, impondo políticas, estratégias e ações de abrangência regional. Urge a adoção de medidas de integração regional, ultrapassando as fronteiras político-administrativas.

 

Dentre as questões em pauta com este perfil, destacam-se as ações de:

  • melhoria da mobilidade urbana (municipal e inter-municipal): infra-estrutura e serviços;
  • preservação e recuperação de áreas ambientais e dos recursos hídricos;
  • valorização das vocações econômicas locais, tais como turismo, artesanato, agricultura familiar e pesca;
  • resgate cultural e de identidade regional;; e a
  • sustentabilidade do desenvolvimento, através da melhoria da infra-estrutura social: educação, saúde, saneamento e segurança.

 

A duração desta nova fase depende da capacidade de interação e criação de sinergias regionais entre os diversos atores públicos e privados comprometidos em maximizar as oportunidades e criar as condições de superação das fragilidades que merecem atenção especial de todos.